Mês da Visibilidade Trans: Luta, Resistência e Superação
No dia 29 de Janeiro de 2004, um grupo de trans e travestis se reuniram com representantes políticos no Congresso Nacional para reivindicar respeito. Essa ação marcou o Dia da Visibilidade Trans.
Em 2022, a travesti Linn da Quebrada foi confirmada no Big Brother Brasil, um dos programas de maior audiência nacional. Já na primeira semana de reality, Linn passou por diversas situações de transfobia ao ponto do apresentador, Tadeu Schmidt, solicitar que ela explicasse aos outros participantes o seu pronome.
Mesmo com anos de luta do T da sigla LGBTQIA+, as pessoas trans e travesti ainda carecem de políticas públicas do Estado, oportunidades no mercado de trabalho e muitos outros direitos humanos básicos.
Os desafios que o T enfrenta
De acordo com dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), apenas nos primeiros quatro meses de 2021, 56 pessoas trans/travestis foram assassinadas no Brasil.
Essa marca, quando comparada aos meses análogos nos Estados Unidos, se mostra maior, mas tão triste quanto. Foram 19 assassinatos de pessoas trans nos EUA.
Além do desafio de se manterem vivas, as pessoas T precisam enfrentar a omissão do Estado perante políticas que possam melhorar a qualidade de vida delas.
Uma pesquisa realizada pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos de São Paulo, denominada como 1º Mapeamento de Pessoas Trans da Cidade de São Paulo, afirmou que, de um grupo de 1.788 pessoas trans e travestis, 59% trabalhavam de forma remunerada.
Neste cenário, percebeu-se que, dessa porcentagem empregada, a maioria fazia parte do mercado informal.
As causas mais observadas para esse fenômeno são a transfobia e a falta de escolaridade do público, que ocorre por muitas vezes passarem por situações degradantes em instituições de ensino ou até mesmo dentro de casa.
Dentro de uma estrutura excludente, muitos indivíduos trans veem como única opção trabalhos insalubres, como a prostituição.
O erro de não investir na diversidade empresarial
A diversidade no trabalho é totalmente benéfica para o crescimento do negócio.
Um estudo da Harvard Business constatou que empresas em que a diversidade não é reconhecida tem 83% dos funcionários menos engajados.
Além disso, o ambiente se torna muito mais construtivo e criativo, pois as diferentes vivências e perspectivas podem acrescentar aos processos.
No final das contas, trata-se de uma situação ganha-ganha para todos os lados.
Eduardo, homem trans e Diretor de Arte da Hoogli, compartilhou o que pensa sobre a diversidade nas empresas:
"Para mim, os maiores benefícios de uma empresa que trabalha com diversidade é literalmente a palavra diversidade. A naturalização de pessoas LGBTQIA+, negras e mulheres no ambiente de trabalho é tão importante pela questão do pluralismo. Quando você tem um ambiente tão plural, você tem ideias muito melhores, você tem vivências melhores, você consegue discutir assuntos que muitas vezes fogem do seu contexto".
Você sabe o que é uma pessoa trans?
Vamos começar por partes. Aqui na Hoogli acreditamos que a informação e o estudo são muito importantes e necessários para que possamos não cometer mais erros com pessoas LGBTQIA+.
Uma pessoa trans é, basicamente, alguém que não se identifica com o gênero que lhe foi dado em seu nascimento.
E onde entra o sexo biológico nisso?
O sexo biológico é aquele determinado pelo médico no momento do parto que tem a ver com as características físicas, como a genitália.
Uma pessoa trans não necessariamente rejeita o seu corpo, tanto existem aqueles que gostariam ou não de realizar cirurgias de redesignação sexual.
Já o gênero é outra história.
Quando os pais sabem qual é o sexo biológico do bebê, eles começam a tratar ele de uma maneira que anos e anos de história os ensinaram: o bebê do sexo masculino usa azul e brinca de carrinho.
Para o bebê do sexo feminino sobram outras características. Elas devem brincar de boneca e vestir rosa.
Esses papéis são impostos por uma série de convenções sociais que estabeleceram uma série de comportamentos que caberiam para cada sexo. Isso é gênero. :)
Dançar conforme esses comportamentos pré-estabelecidos significa performar uma identidade de gênero. Todos possuem uma identidade de gênero.
Me explica melhor isso… O que é identidade de gênero?
Como você já sabe, o gênero é estabelecido por uma série de entendimentos da história de como ser um menino ou uma menina.
Dessa maneira, a identidade de gênero é a sua maneira de performar essas características.
Uma pessoa pode ser relacionada a um gênero e não se identificar com ele. Quando isso acontece, essa pessoa é considerada transgênero.
É muito comum que alguns confundam a identidade de gênero com a orientação sexual. Então vamos te explicar brevemente:
Diferença entre identidade de gênero e orientação sexual
Por exemplo, um homem trans pode ser gay, bissexual, hétero e qualquer outra sexualidade que existe.
Isso acontece porque a orientação sexual independe da identidade de gênero. Dessa maneira, uma pessoa cis (que se identifica com o sexo biológico e com o gênero imposto) ou trans pode ter qualquer orientação sexual.
Organizando os conceitos:
- Identidade de Gênero: como você se sente perante a ideia de gênero;
- Orientação Sexual: com quem você se relaciona afetivamente por meio da atração sexual e/ou emocional.
A fim de tornar esse texto mais didático ainda, vamos aos exemplos:
- Eduardo, colaborador da Hoogli, é um homem trans bissexual. Dessa forma, ele não se identifica com o gênero que o foi denominado e se relaciona com homens e mulheres, sendo eles trans ou cis;
- Já Guilherme, o redator que vos escreve, é um homem cis gay. Logo, ele se identifica com o gênero que o foi imposto desde o nascimento e se relaciona com homens, sendo eles trans ou cis.
Agora que sabemos mais sobre pessoas trans, por que algumas se sentem transgênero e outras travestis?
As duas expressões significam a mesma coisa: as pessoas transgênero e travestis não se identificam com o gênero impostos.
A diferença de nomeação é escolhida pelo indivíduo. Linn da Quebrada, por exemplo, é uma artista travesti.
As pessoas travestis preferem ser tratadas assim porque desejam subverter a lógica que deram a essa expressão: travesti era um nome pejorativo atribuído às pessoas trans.
Dessa maneira, travestis se empoderam a partir dessa nomenclatura.
O assunto é muito mais amplo!
A nossa discussão a respeito das pessoas LGBTQIA+ ainda é muito maior!
Existem muitos termos que precisam ser explicados, porque a diversidade é muito grande.
Os debates acerca da sigla se estendem e se atualizam sempre. É importante estudar, mas mais ainda escutar e entender as pessoas.
Cada um possui uma identidade de gênero e orientação sexual e deve ser respeitado por isso.
Melhor do que ficar tentando "decodificar" essa pessoa, é tentar entendê-la. Assim, podemos construir uma cultura muito mais harmônica, rica e amorosa.
Por que é importante dar visibilidade às pessoas T?
Já dizemos acima, pessoas transgêneros e travestis são fortemente marginalizadas, expulsas de casa, rejeitadas por suas famílias e assassinadas.
Para reverter esse cenário, é necessário os apoiar e incluí-los na sociedade como alguém que realmente faz parte, porque faz e sempre fez.
De acordo com Eduardo, um caminho para a inclusão está na divulgação do trabalho de pessoas trans e também na implementação de culturas empresariais que realmente respeitem esse público.
E aí, me diga alguns artistas trans para que eu possa acompanhar!
Essas são algumas indicações de artistas transgêneros e travestis:
- Laerte Coutinho: É uma cartunista que já teve o seu trabalho publicado em grandes revistas e jornais do Brasil. O instagram da artista é: @laertegenial.
- Liniker: A musicista Liniker é autora de três álbuns: "Remonta" (2016), "Goela Abaixo" (2019) e "Índigo Borboleta Azul" (2021). Os principais gêneros musicais da artista são R&B, Soul, Blues e MPB. Confira o seu instagram: @liniker.
- Teodora Oshima: A estilista é formada em desenho de moda desde 2015 e agora produz algumas coleções. A sua moda é muito focada em sua ancestralidade nipo-brasileira. Acompanhe o seu trabalho no instagram: @teodoraoshima.
- Urias: A cantora e modelo lançou o seu primeiro álbum em 2022, chamado de "FÚRIA". O seu instagram é @uriasss.
Ok, mas como a Hoogli contribui para a comunidade trans?
A Hoogli é uma agência que acredita na capacidade da diversidade de construir um trabalho único e impactante.
Desde quando éramos um espacinho dentro de uma pequena sala comercial, já era priorizada a contratação do público LGBTQIA+ para os mais diversos cargos.
Ei, me diz você! De quais maneiras você se mostra aliado à pessoas trans e travestis?