Dia Internacional da Mulher: Os Desafios das Mulheres na Publicidade

Ser mulher no mercado de trabalho é extremamente desafiador: temos que lidar com salários com diferenças absurdas, situações constrangedoras e, por vezes, abusivas, além da constante necessidade de termos que provar nosso valor e competências, em uma proporção que, nem de longe, se iguala à que um homem precisa vivenciar em sua rotina profissional.

Aproveitando a comemoração anual do Dia Internacional da Mulher, e fazendo uma reflexão sobre o mercado de trabalho no marketing, a Hoogli produziu um conteúdo especial para trazer luz ao reconhecimento feminino na comunicação no Brasil – e valorizar ainda mais o trabalho das mulheres que vêm mudando o cenário da criatividade e da publicidade nas agências. Acompanhe conosco a leitura!

 

Analisando o mercado atual


A publicidade ainda é uma área majoritariamente masculina. De acordo com pesquisa feita pela Meio & Mensagem, a presença feminina no meio de criação, na publicidade, é de menos de 26%. Entre as agências que fizeram parte da pesquisa, atestou-se que apenas 14% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres.

Além do gap entre salários e contratações, as mulheres ainda precisam lidar com questões como assédio no ambiente de trabalho e desvalorização de suas competências e habilidades. Uma pesquisa feita aqui no Brasil atesta que 71% das publicitárias já sofreram com algum tipo de assédio no ambiente de trabalho – um constrangimento que, infelizmente, ainda segue comum para as trabalhadoras no geral, não sendo exclusivo do ambiente do marketing.

Os índices ainda mostram mais detalhes dessa realidade: 55,5% das mulheres já se sentiram perseguidas por colegas de trabalho, e 81,3% já se sentiram julgadas por sua aparência ou modo de se vestir. Além disso, é alta a porcentagem de casos em que mulheres foram testemunhas de constrangimentos no ambiente corporativo.

 

"37,4% das mulheres afirmam que já receberam tarefas que eram muito inferiores à sua capacidade apenas por serem mulheres."

 

Ainda é frustrante saber que, mesmo com tanta discussão e atenção acerca dessas desigualdades, ainda seja necessário dissertar sobre esse assunto e lutar por mudanças que deveriam acontecer de forma mais rápida e integrada.

 

Ambientes que ainda são muito hostis e exaustivos


A cultura em agências de publicidade segue um padrão de ambientes que tendem a ser urgentes e cansativos – em parte por demandas que necessitam de resoluções quase imediatas, ou por simplesmente lidarem com processos criativos. Muitas vezes, é difícil seguir esse ritmo. 

Quando temos uma romantização da carga excessiva de trabalho, imagine o quão difícil é conciliar o corporativo quando se é mãe, por exemplo. Ou quando se é uma dona de casa, ou estudante universitária ainda no início da carreira. Fatores como esse contribuem para que o cenário nas agências exclua as mulheres do seu quadro de colaboradores.

Aqui na Hoogli, batemos um papo com a nossa head de tráfego pago, Carla Guimarães, que compartilhou conosco um pouquinho da sua trajetória no marketing, gerenciando uma equipe ao mesmo tempo em que é mãe do pequeno Gael, de 2 anos.

 

"Quando engravidei, meu maior medo era a resposta que eu teria não só da equipe onde eu atuava, mas principalmente do mercado em geral. Eu escutava de todo mundo que, no período da minha licença-maternidade, eu iria perder tempo de mercado, estar desfalcada com relação a outros candidatos, que não iria ter espaço para mim por essa visão de que uma mãe vai ter sempre desculpas e falta de comprometimento com horários e compromissos pelo simples fato de ser mãe. Esse tipo de pensamento machista é absurdamente antiquado."

 

Ela afirma ainda que foram diversas as vezes em que se sentiu desqualificada com relação a colegas de trabalho que, muitas vezes, desempenham a mesma função que ela, mas recebiam muito mais credibilidade simplesmente por serem homens. Esse fato nos leva ao próximo tópico: explicar o conceito de mansplaining.

 

Mansplaining: o machismo desmerecendo o conhecimento feminino


Derivado do inglês, com tradução livre para "explicação do homem", o termo mansplaining serve para designar situações nas quais o homem começa a explicar coisas óbvias à uma mulher, em tom condescendente ou paternalista, de forma a diminuir a expertise da mulher ou fazê-la se sentir inferior diante de outras pessoas. É uma prática, infelizmente, muito comum no ambiente corporativo, mostrando homens, que podem ou não estar ocupando cargos de liderança, tentando diminuir intelectualmente a fala de uma mulher.

Nossa estrategista de tráfego, Ana Trindade, compartilhou com a gente algumas situações em sua jornada profissional que a fizeram se sentir desconfortável em equipes compostas, majoritariamente, por homens.

 

"Muitas vezes tive que lidar com momentos no trabalho nos quais minha voz não era ouvida, e tive meu trabalho subestimado essencialmente por outros profissionais que realizavam a mesma função que eu, mas que levavam muito mais credibilidade por serem homens. O fato de eu ser muito nova também influenciava nesse desafio de ser valorizada na minha profissão e acabar não recebendo crédito pelo meu desempenho."

 

Quando temos um ambiente composto em sua maioria por profissionais do sexo masculino, é inevitável que os comportamentos machistas sejam repetidos e façam parte da cultura corporativa. Sem espaço para que as mulheres contribuam para uma nova perspectiva e ajudem a mudar essa realidade, ficamos presas a um ciclo de frustrações e padrões sociais sendo repetidos, completamente ultrapassados e preconceituosos.

 

Zoom out: a importância de dar cada vez mais espaço às mulheres nas agências


Cada vez mais escutamos discursos abordando igualdade de gênero nas equipes de agências de publicidade, desde a contratação até o salário. A conversa ganha força, principalmente, pelo apelo social que atualmente carrega – mas precisa ir muito além de apenas imagem ou campanha para gerar engajamento nos portais online.

A presença de mulheres compondo os times no marketing e na comunicação proporciona ainda mais compartilhamento de ideias e experiências, gerando conversas muito mais criativas e sob outras perspectivas.

Além disso, diversos estudos apontam o quanto tem crescido o poder de compra do público feminino no mercado, e em diversas áreas. Nada mais justo do que ter mulheres desenvolvendo conteúdo direcionado para outras mulheres, compreendendo melhor as suas necessidades, escolhas e vontades. 

Uma pesquisa divulgada pela consultoria 65/10 mostra que 65% do público feminino não se sente representado na publicidade – seria coincidência fazer um paralelo com aquela pouca porcentagem de mulheres no cenário criativo de agências, sem poder desenvolver conteúdos que elas mesmas teriam muito mais propriedade em criar? Uma reflexão quase retórica, esperando por uma mudança que já tem resposta, mas ainda não possui força o suficiente.

 

Na Hoogli, o respeito é a base das nossas relações


Não somente pela inclusão ou por acreditar na contribuição criativa das mulheres em nossa equipe, a Hoogli prioriza a integração de mulheres e pessoas do grupo LGBTQIA+ porque acredita que temos muito o que aprender com essas perspectivas e vivências. Acreditamos que o ambiente da comunicação precisa ser plural, refletindo o que ele prega e de que forma pode alcançar ainda mais pessoas e trazer cada vez mais diversidade.

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